por que parteiras
anunciam
as dívidas impagas
por que o vento
pesado sarcófago
emoldura o relato
num cortejo de parentes
com presentes de adeus
e lágrimas da última hora
oferendas de carne
nos cômodos salgados
carroçam a sorte
sandálias e túnicas
chocam as esculturas da
porta
com carvão marquem
o cozinheiro
o olho de hórus
a esposa do padeiro
e cinco ratos!
também a fome gaguejante
de um harpista obeso
seu gosto de mel
e hálito de pústulas
damas da noite
recolham as contas
dos cabelos
a peste
atravesse as paredes
do pátio
contra o chacal
os lagos de obsidiana
200 bois montados
em 11 operários
raios movediços
no aposento
de vestes
amarna
pelo amor das gentes
pão e ópio
jasmim
e morte
no túmulo de tebas
também a fome gaguejante
de um harpista obeso
seu gosto de mel
e hálito de pústulas
damas da noite
recolham as contas
dos cabelos
a peste
atravesse as paredes
do pátio
contra o chacal
os lagos de obsidiana
200 bois montados
em 11 operários
raios movediços
no aposento
de vestes
amarna
pelo amor das gentes
pão e ópio
jasmim
e morte
no túmulo de tebas
um faraó
revirado por lençóis
atira seus pulsos de lótus
(eliane marques)
2 comentários:
Eliane: que alegria reconhecer o traço do poeta em uma linha, em uma única linha. "por que parteiras..."
Não precisava ler mais sílaba, ou palavra alguma. Toda tu, intensa.
Fernanda Nunes.
Fernanda,
Por que parteiras
são sílabas aninhadas,
alegria intensa
na tua palavra,
veia poética
que (já) exala.
Gracias por tuas generosas palavras.
Verso B
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