sábado, 18 de abril de 2009

+ psicoanálise


O DIZER HIPOCONDRÍACO

PARTE 2


Nos primeiros escritos freudianos do final do século XIX já se elabora a viabilidade do termo hipocondria por que se avalia sua referência fixa ao sintoma do medo à enfermidade e sua exigência, como condição prévia, da existência de parestesias e sensações corporais penosas. No caso de Anna O. chama a atenção de Freud o fato de os órgãos da paciente intervirem na conversação, ou, diretamente, na fala.
Pela noção de erogeneidade, segundo a qual as zonas erógenas podem substituir os genitais e se comportar como a sede de grande quantidade de manifestações e descargas, diremos que toda a troca desse tipo de erogeneidade num órgão poderia ser paralela à troca de carga libidinal no “eu”. Os órgãos podem funcionar todos e cada um como zonas erógenas, capazes de se excitar, aumentar ou diminuir em determinada parte do corpo. Por isso, no hipocondríaco se produzem também, sem dúvida, mudanças funcionais da ordem das perturbações vaso-motoras, circulatórias, suores, palpitações e etc.
Segundo Freud, na neurose os processos psíquicos são os mesmos durante um bom trecho. Apenas depois entra em jogo a solicitação somática, que procura para os processos psíquicos inconscientes uma saída pelo corporal. Quando esse fator não se apresenta, o estado total será diverso de um sintoma histérico, ainda que, também, em certa medida, possa ser semelhante a uma fobia ou a uma idéia obsessiva, em fim, um sintoma psíquico.
Na hipocondria podemos ver o máximo nível de retração da libido do “eu”, já que seu nível de simbolização é pobre, pois logra simbolizar o mínimo possível. Se lhe compara com a megalomania – o delírio de grandeza – como uma tentativa de simbolizar, embora toda a libido esteja posta no “eu”. Na hipocondria a libido volta ao “eu” e fica capturada no organismo, na megalomania, ao menos, algo se simboliza.
A partir da atualidade de uma erogeneidade específica, nasce a sensação somática que é condição para que se constitua o traço hipocondríaco, partícula pensada como constitutiva de qualquer neurose.


Até o próximo sábado!


Marcela Villavella

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