domingo, 19 de abril de 2009

poema de bolsa

tamarindeiro
é pesada turquesa
que rega

a terra precoce
de um guarda núbio
no egito

grito de cerâmica
carregado no cais

punhado de anéis
ossário de meninos

feito o âmbar
batendo
o piso

casulo
onde faraós
(sonolentos)
espiam o desabrigo

um rosto
(de subúrbio)
com sola de madeira
botões de azul
clandestino

cabeça rasgada
bronze
recém-polido

casco e nau

peruca de ânfora
que escorrega nova
e postiça

um cântaro de mentiras
para suportar a morte
a rosa quebrada
o colar perdido

traço de malaquita
que desborra a
margem barrenta
do nilo

(eliane marques)


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