sábado, 4 de abril de 2009

+ psicoanálise

“STRESS”

O homem atual tende a colocar as causas de sua inquietação fora de si: na situação econômica mundial, nas exigências do trabalho, na briga com o namorado, em alguma perda...
Chamar de “stress” algo que percebemos estar acontecendo conosco é se colocar fora da questão, ou melhor dizendo, é colocar a questão fora de si mesmo.
Parece que a palavra “stress” engloba uma série de sintomas; como se fosse uma máscara a mais na lida do sujeito com seu próprio vazio; com algo constituinte do humano, quer dizer, sua falta, que lhe angustia.
Um estado de angústia pode estar a indicar mudança; mas, se não estamos abertos a investigar, falar, a construir transformações em nossas vidas, o “stress” poderá nos por em engano, nos aparecerá como um sintoma físico no corpo, daquilo que em nós resiste, que se defende do crescimento, da mudança. O corpo, com sua fadiga, será o suporte da repressão, do ódio, amor, medo, ciúmes, inveja, palavras, ao fazer o sujeito voltar-se sobre si mesmo.
A psicoanálise possibilita colocar em palavras, simbolizar isso que em se querendo expressar se enganchou no corpo, sentimentos humanos que são como uma ferida aberta, e que há um lugar próprio para tratá-los: a clínica psicoanalítica.
Considerando que a saúde é uma construção, um trabalho constante, que não cai do céu, a clínica psicoanalítica permite o abandono dos pensamentos que nos amarram ao passado e a tomada do destino em nossas mãos.
Na psicoanálise o sujeito fala isso, ou melhor, isso fala e é aí que pode haver uma transformação.

Lúcia Bins Ely

2 comentários:

Anônimo disse...

Antes de iniciar meu processo psicoanalítico, eu não conseguia perceber ou sentir a dimensão de palavras como "construção" e "trabalho". Hoje, em meio a minha jornada, sei que a transformação exige trabalho árduo, que se constrói segmento a segmento e a palavra é o verdadeiro remédio da alma.
Lúcia obrigada pelas luzes das palavras em meio à escuridão do medo e da culpa.

Fernanda Nunes

Lúcia Bins Ely disse...

Olá, Fernanda,

o medo e a culpa, talvez, assim nos impedindo de fazer o que desejamos, seria a única traição, como diz Lacan. A única traição que o sujeito humano pode fazer é a seu próprio desejo.
Frente ao medo ou a culpa não precisamos fugir nem arremessar contra nada, e sim conversar tranquilamente
Isso nos ensina o amor.

um beijo, Fernanda,
agradecida a ti por escreveres.