terça-feira, 21 de abril de 2009

+ psicoanálise


(double, de Alex Katz)

dar a ouvir, dar a ver
Um pensamento que reclame o naufrágio de todo o pensamento é, em verdade, o primeiro passo no caminho do poético.
Assim, sem pensamentos prévios, a voz e a mirada colocarão em cena significantes que, ao serem escutados pelo coordenador, gerarão o sentido da experiência, e isso é de vital importância remarcar: sem a escuta do coordenador, a voz somente produziria tagarelices sem sentido e a mirada não abandonaria nunca o campo da obscuridade. Quer dizer, a escuta do coordenador permite que voz e mirada, como funções, constituam seus campos respectivos, abrindo dimensões, mansões do dito, que darão a ver um produto sem entrar na dialética dos órgãos perceptivos que a fazem possível – o olho e o ouvido. Assim, a voz e a mirada serão outra coisa, diversa do visto e do escutado, pois o coordenador, situado no lugar de causa do desejo, fará cada elemento do grupo entrar numa busca onde se colocará em jogo, mais além de todo o sentido, dar a ouvir, dar a ver.

(do livro Freud y Lacan -hablados 2- de Miguel Oscar Menassa)

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