quarta-feira, 15 de abril de 2009

psicoanálise em recortes


LENDO FREUD E LACAN


O homem vive pensando, tão-somente, que alguma vez gozará. Não há nenhum outro motivo para viver, porque está tudo pesteado de guerras, de mesquinharias, de desastres, de luxúrias e, no entanto, o homem segue vivendo e não só segue vivendo senão que programando uma vida para dentro de quase quinze mil anos. Por que se o sol se extingue dentro de oito mil anos, o homem está preparando naves espaciais para ver se pode sair da galáxia e voltar antes que expire o prazo, a sonda que lançamos há dez anos volta dentro de três mil e quinhentos e sessenta anos a nos informar sobre a possibilidade de fugir deste sistema onde o sol está a ponto de se enxtinguir. Quer dizer que, apesar da imundície na qual vive e quer seguir vivendo, está programando essa mesma vida imunda para dentro de quinze mil anos. Por quê? Porque tem a esperança de gozar. Assim que, sem Édipo, sem repressão, sem instalação do processo inconsciente, não só não há ser humano senão que não há motivo para viver por que o único motivo importante para viver é poder experimentar algum gozo.


(De Miguel Oscar Menassa, in FREUD E LACAN - FALADOS - 1. Editorial Grupo Cero, Porto Alegre, 2007/ Colaboração da psicoanalista Lúcia Bins Ely).

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