O prato de sal
mantém esguio
e com flores na boca
o corpo que leva a navalha
do homem que vai
os pés sob o berço das facas
e toda a nau que ao cravo do corpo
importa, sua casa de mortos na beira da rua,
clarinetes emaranhados em ovelhinhas de lã
revém do arroio a navalha que empurra
vem rever a revelha de pão e sua capa
com tolices nos bolsos:
armazéns onde se vendem unhas
domingos de guarda-chuva, mesa para seis netos, e,
bem ao lado da vinha,
dois caixões
cujos braços foram atados
as uvas nunca foram consolo do corpo que
tem por costume a solidão da navalha
e vai negro levar a agua do ferrador
(continuará)
Eliane Marques
Publicou: Relicário (2009), Arado de Palavras (vários autores) e nas Revistas Água Viva