quinta-feira, 9 de abril de 2009

diários

BRECHT


16-11-1941

Comprei em Chinatown um pequeno amuleto chinês por 40 cents. Penso numa peça, As viagens do Deus da Fortuna. O deus daqueles que gostariam de ser felizes sai viajando pelo continente. Por onde passa deixa um rastro de assassinatos e atentados. Não tarda a atrair a atenção das autoridades como instigador e co-autor de muitos crimes. Obrigado a se esconder torna-se um fora da lei. Finalmente é denunciado, detido, julgado e condenado. Na iminência de ser executado, descobre-se que é imortal. Reclina-se contente na cadeira elétrica, estala a língua quando toma veneno etc. Confusos, os carrascos, capelães etc. vão embora exaustos, enquanto do lado de fora do corredor da morte a multidão que temerosa viera assistir à execução retira-se cheia de renovada esperança...


(Diário de Trabalho, Bertold Brecht, Volume II, 1941-1947, RJ, Rocco 2005)

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