terça-feira, 14 de abril de 2009

verso b

Minha face prateada pela tarde
nativa de zagais e alegorias
é um reflexo de mim tornado arte,
do centro imóvel que gerou meu dia.
A mão é um rio de coral filtrado
entre conchas de som que o sonho fia,
E são as veias um caminho vasto
para um sangue de amor e de agonia.
Em torno a mim os mármores do tempo
tecem tramas de eterno meio-dia,
e me dissolvem no seu pensamento.
Há cavalos de amor de crinas frias
arrastando-me sempre para dentro:
que eu mesmo sou a minha companhia.


(poema de Marly de Oliveira, do livro “Antologia dos Poetas Brasileiros, Poesia da Fase Moderna”, volume 2, organização de Manuel Bandeira e Walmyr Ayala, Editora Nova Fronteira, p. 218)

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