segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Encore, ainda, o corpo

Faço desaparecer um dia de minha vida
amanhã, por exemplo, e sobre esse vazio
que não é senão minha voz, salto
com a firmeza de um cálculo infinito
em direção ao futuro.

Volto desde a morte sobre mim mesmo
- funda caverna que fez possível o salto -
e o ser que nunca foi, deseja isso
viver a vida sem viver, amar a morte.

Detrás do detrás, não no espelho
não na torpeza da linha
querendo ser desejo de seus pontos
Não na verdade e, ainda, depois do corpo

Aí onde o ser é Um de carência
Ela é, borbulha estranha e impossível,
pássaro enamorado dos buracos de seu canto.


O corpo é esse objeto que peleja na história e seu próprio inconsciente. Seu próprio inconsciente quer seu corpo para o prazer e a história quer seu corpo para o gozo e a produção social. E o corpo é essa oscilação entre ser um troço de carne ou ser um troço de palavra, mas não pode deixar de ser um pedaço, um troço, não há completude para o ser humano, não há verdade totalizadora.

...

Somos milhões e milhões desde séculos e
não esse corpo que não sabemos o que suportaria se não estivesse atado a essa cadeia.

M.O.M.

Nenhum comentário: