segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

DA CADEIRA DO SONHO

XADREZ
(de Barbara Corsetti)

Despertei de 3 sonhos na semana que era invadida por piolhos. Se existe coisa mais incômoda e angustiante que sentir piolhos pela cabeça, não sei, o que sei é que no momento não me ocorria nada pior. Os bichinhos caminhavam avidamente pelos fios entrelaçados e cheios de intenções, desafiando o momento em que eu colocaria as mãos neles.
Por que correm tanto os piolhos?
O desagradável nos 3 sonhos era, além dos bichos insanos, as situações em que apareciam:
1 – depois de cozinhar abóboras;
2 – depois de brincar com um cachorro;
3 – depois de pesquisar palavras no dicionário.
Sentada numa grande janela escutei a sirene dos bombeiros.
De repente não estavam as janelas e eu escolhia o que levar comigo.
Tudo na casa branca e grande, agora sem vidros e portas, estava encaixotado ou embalado para viajem.
Eu estava de chinelos e logo teria que me preparar com um tênis.
Em um mundo de tantas escolhas um tênis foi a minha naquela hora. Saí correndo e nem sabia o porquê.
Desatenta às informações que poderiam me interessar, deixei a casa e segui pela rua da frente. Olhei-a de longe e vi dentro dela homens que demoliam as paredes. Corri despenteada.
Arrastando os chinelos virei a rua e entrei em um grande bar. Paredes escuras forradas com madeiras. As mesas, também, de madeira davam ao bar um ar de inverno. Estava desatualizada, não sabia que dia era e nem imaginava que estava no horário do jornal nacional: - e quem eram aqueles apresentadores?
Um homem veio me perguntar se queria algo para beber, pedi uma água.
Havia um tabuleiro de xadrez na minha frente, eu que nunca aprendera xadrez faria a próxima jogada. Ok está na hora de arriscar, vou mexer com esse daqui, pronto posso ir agora.
Depois de várias voltas em linhas desconexas tirei o chapéu e mudei de canal.
A morte falou com sua voz cabeluda que o fim nem sempre é despedida.
Prefiro deixar pra amanhã a curva seguinte
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