sábado, 24 de janeiro de 2009

DIÁRIOS

A partir de hoje, nos animamos a postar alguns fragmentos do diário de Brecht, escrito entre 1920 (época em que o autor contava com 22 anos de idade) e 1922. Não firmamos compromisso com a ordem cronológica dos registros, apenas com aquilo que impressionou os editores a cada leitura (Mas que bárbaro isso!) e que, ao remexer no fundo dos seus diários próprios, calados na memória insone (e, por assim dizer, ainda iletrada) os faz afirmar: tchê, com ele também aconteceu, e como pode escrever desse jeito o que exatamente eu senti e não soube expressar!

As Editoras





BRECHT

1921, maio


3, terça-feira, até 6, sexta-feira

Agora vem a desforra e o purgatório. Pedaço por pedaço, eu arranco de Bi uma coisa terrível. Ela tem uma correspondência com um violinista de cafeteria, um sujeito sórdido, foi beijada por ele, visitou-o e deitou em sua cama. Não deu para ele, isso se deduz das cartas. Ela está arrependida, mas o acha um idealista puro. Os dias em que ela mente, são o purgatório.


(do livro “Diários de Brecht - Diários de 1920 a 1922, Anotações autobiográficas de 1920 a 1954”, Organizado por Herta Ramthum, tradução de Reinaldo Guarany, Porto Alegre, L&PM, 1995, p. 87)

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