quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

DIÁRIOS









BRECHT

1921, maio

2, segunda-feira

Os dias são vazias cascas de ameixa cuspidas fora. Chove fraco, sopra o vento, estou no quarto frio. Estou sempre vendo a mulher maori ao lado do capitalista gordo e apesar de minha frieza ser total, mesmo sem desejar, ainda sinto pena dela, pois ela faz o mal e já não agüenta. Mas junto com o medo de que ela volte depois de ter estragado tudo, sinto um desprezo crescente por ela. E no dia de seu casamento, eu a arranco de mim com todas as raízes, como uma puta velha em que se tornou de novo.
Sou bom para Bi e a seguro. Não consigo trabalhar.

(do livro “Diários de Brecht - Diários de 1920 a 1922, Anotações autobiográficas de 1920 a 1954”, Organizado por Herta Ramthum, tradução de Reinaldo Guarany, Porto Alegre, L&PM, 1995, p. 87)

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