domingo, 1 de março de 2009

sessão de psicoanálise


Esconde, esconde ...


(de Marcela Villavella)


Na vida, parte-se de uma crença.
Crer no pai. Crer na psicoanálise.
Sem a crença não se pode construir nada.
O pai sempre é incerto. É desde a crença que assume esse nome, esse lugar no mundo.

Ainda se fala do descobrimento freudiano do inconsciente.
Descobrir é palavra que vem associada a desvelar, como também a surpreender, desnudar, transparecer, encontrar, revelar...

Em sua carta a Fliess de 12 de junho de 1900, Freud escreve, referindo-se a casa de Bellevue, onde teve o famoso Sonho de Injeção de Irma: Crês que algum dia se colocará nesta casa uma placa de mármore com a seguinte inscrição:

Nesta casa, em 24 de junho de 1895,
foi revelado ao Dr. Freud,
o segredo dos sonhos...

?

A partir de seu contrário, descobrir se associa a ocultar, esconder, velar, disfarçar, desfigurar, falsificar.

Há um jogo que é do gosto de muitas crianças de determinada idade, onde um ou vários se escondem e outro lhes busca até encontrá-los, se é que ganhe o “buscador”.
O jogo se inicia quando o “buscador”, com os olhos vendados e apoiado sobre uma parede, oferece aos demais um tempo. Aqueles que se esconderão poderão escolher um lugar mais propício para não serem encontrados. O tempo oferecido pelo “buscador” é combinado entre todos e se mede contando um, dois, três ... e dez, já.

E se inicia a busca, a tentativa de se descobrir o lugar onde os demais se esconderam. Quem se escondeu, deve tratar de não ser encontrado e, mediante um gesto, chegar ao lugar onde o “buscador – descobridor” começou a contagem um, dois, três...

As regras do jogo, ordinariamente, são as mesmas. No entanto, o jogo é sempre particular, sempre produzirá alguma surpresa. E esse o júbilo.

Reprimir, resistir, censurar, todos os mecanismos que Freud começou a trabalhar desde os inícios da psicoanálise.

Todos sabem que a psicoanálise procede por meio de um retorno à ação. Isso por si só justifica que estejamos na dimensão moral. A hipótese freudiana do inconsciente supõe que a ação do homem, seja sã ou doentia, normal ou mórbida, tem um sentido oculto ao qual se pode encontrar.

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