domingo, 1 de março de 2009

poema de bolsa



(de Marcela Villavella)


Estavas tão dormida,
Tão envolta sobre ti
E tão distante
Tão diferente de todas as outras
E tão igual à menina que corria…

Estavas tão-dormida, porém corria em ti… uma menina
Te caminhava o corpo
Te desenhava imagens pela frente,
Te ceiava todas as madrugadas ao sol,
Te açucarava o dia,
Te armava uma torre de palavras sobre o peito
E corria pelo andaime de tua mirada temendo cair.

Estavas tão-dormida
Tão envolta sobre ti,
E tão distante,
Tão diferente de todas as outras,
E tão igual a qualquer elemento natural…
Estava tão chinesa
Tão alemã, tão grega
Estava tão seixo,
Tão fragmento mineral,
e tão viva.
Tão envolta sobre ti
E tão diferente de tua mãe.
Estavas tão dormida
E tão distante,
Tão raivosa,
Tão estranha ao que sempre foras,
que quis te despertar,
e estavas tão ausente,
tão perfeita,
tão vazia...
tão diferente de ti.

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