quarta-feira, 4 de março de 2009

outra poesia

(de Eliane Marques)
um cão vagamente triste
reza a um deus sem cara
um deus de miradas cegas
largas feito unhas mortas

um cão me sonha
espelho que impõe
seu resto de sobras
seu ontem e seu nada

me assombra que seja bela a calçada
que o jasmim seja branco
que a fome me dê um ímpeto de asas

me assombra que a parca
corte minha linha
que viajante, perca a jornada

me assombra que séculos depois
o deus volte a nascer
rei na dinamarca

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