quarta-feira, 22 de julho de 2009

+ poesia

SONETO DO FACHO IMÓVEL

Queimei as mãos no sol de um casario
que nem pudera revelar mais puro.
Alto, saudoso, inatingido muro,
onde com o céu rolei, num calafrio.

Brasa de estrela, crepitar macio
de facho imóvel no silêncio escuro:
sonho remoto vindo de um futuro
que muito mal nas mãos desfaço e crio.

Queimei-as na insofrida claridade
que desnudava as únicas janelas
abertas sobre o beco friorento.

Uma aflição de ausente, uma saudade
de azul perdido e flores amarelas,
restos de morte, patamar cinzento...

(Alphonsus de Guimarães Filho, do livro Antologia de Poetas Brasileiros, Volume 2,organização de Manuel Bandeira e Walmir Ayala, Editora Nova Fronteira)

Um comentário:

Mara faturi disse...

"Uma saudade de azul perdido"...lindo...
passando para fazer uma visitinha e dizer que sinto saudades;)
ósculos e amplexos quentinhos:)