sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

traduceiro

a lua e a morte

(García Lorca, 1919)

A lua tem dentes de marfim.
Quão velha e triste assoma!
Estão os álveos secos,
os campos sem verdores
e as árvores murchadas
sem ninhos e sem folhas.
Dona Morte, enrugada,
passeia pelos salgueirais
com seu absurdo cortejo
de ilusões remotas.
Vai vendendo cores
de cera e de tormenta
como uma fada de conto
má e enredadora.

A lua comprou
pinturas da Morte.
Nesta noite turva
está a lua louca!

Eu, enquanto isso, ponho
em meu peito sombrio
uma feira sem músicas
com tendas de sombra.

(García Lorca, Antologia Poética, tradução de William Agel de Mello, Ed. Martins Fontes, SP, 2001)

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