quarta-feira, 3 de junho de 2009

+ psicoanálise

LENDO FREUD E LACAN

A poesia é o novo, e o novo nunca é reacionário, o novo sempre é revolucionário. Reacionário é algo que conserva, estabiliza, ordena. A filosofia aristotélica é reacionária. Um poema, uma metáfora poética atenta sempre contra este redondel que é o mundo positivista.
Roland Barthes, em O Prazer do Texto, explica como a escritura que nos produz certo transtorno, certa interrupção, abre outra maneira de pensar, e é uma escritura que nos dá gozo.
A linguagem metafórica desconexa também pode ser loucura. Vamos ter que discriminar entre poesia e loucura fundamentalmente, por que para poder poesia há que sublimar e, justamente, isso é o que o louco não pode. O que o louco não pode é transformar a realidade, à diferença do poeta, com essa linguagem desconexa metafórica.
Se você escreve, sempre o faz mais além de seus pensamentos, de sua moral, de sua ideologia e para além de sua maneira de viver. Tanto que, quando queira viver como escreve, fica louco. Artaud é o caso onde as circunstâncias de sua vida o levaram a se impor isso: viver como escrevia. Não pôde continuar nenhuma das duas coisas.
Estão sublimando um escritor quando escreve, um pintor quando pinta e um trabalhador quando trabalha, ou seja, estão tratando suas tendências sexuais e agressivas, estão retirando de objetos exteriores as tendências agressivas e as tendências amorosas, e tomando a decisão de pôr essa energia libidinal, que estava colocada nas pessoas, a serviço da obra que vão realizar.

(de Miguel Oscar Menassa. IN: FREUD E LACAN – FALADOS – 1. Grupo Cero, Porto Alegre, 2007, colaboração da psicoanalista Lúcia Bins Ely)

3 comentários:

Mara faturi disse...

Hummmmmmm querida Lúcia,

ainda não estou apta a entender bem dessas "coisas", rs,rs...gostei do texto, mas tenho "lacunas" em meu conhecimento e, por isso não capto o todo das compelexidades da alma humana...
saudades,
um beijo

Grupo Cero VersoB disse...

Mara,

Também sou todo esburacado, lacunado, tanto que, às vezes, sirvo de peneira entre o cascalho e a àgua do rio.

Um abr( )ço.

Mara faturi disse...

ADOREI ESSE SER "PENEIRA" ENTRE O CASCALHO E A ÁGUA DO RIO....QUE BELO VER VC ESCORRENDO ASSIM EM POESIA;)
GRANDE BJO!