terça-feira, 23 de dezembro de 2008

MONÓLOGO ENTRE A VACA E O MORIBUNDO (segunda parte)

QUERIDA VACA:

23 de dezembro de 2008


Com essas duas medidas simples que implicam troca atroz de minha personalidade, tudo seria diferente.
Se fosse capaz de dizer a todos que estão loucos, que estão loucos, e aos que têm idéias políticas diferentes das minhas com relação à transmissão da psicoanálise, que temos idéias políticas diferentes ...
Se pudesse, que não posso, essas duas medidas tão simples, em aparência, quem sabe quem ficaria ao meu lado?
Acabo de me dar conta de que não tenho de tocar nada, se algo quero tocar, tenho que tocar a mim mesmo.

Segue sendo o mesmo dia,
porém já são dez da noite.

Todo o dia como aniquilado por minhas próprias estupidezes.
Já temos todos 60 anos ou quase, já ninguém pode mudar demasiado, e os jovens que nos rodeiam já têm nossos vícios, creio que nos fica uma só possibilidade:
Desta vez, querida vaca, toca mudar a realidade.

(fragmento do texto XXXVII, do livro "Monólogo entre a Vaca e o Moribundo", páginas 107 e 108, de Miguel Oscar Menassa)

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