terça-feira, 23 de fevereiro de 2010
JUBILAÇÃO
Depois de haver cumprido
com todas as tarefas, me pergunto
muito próximo dos setenta anos
quem me ama? quem vive em mim?
Acaso, eu tenha sido,
apesar de todos meus amores
apesar de todos meus trabalhos,
um homem solitario.
Minha familia, meus filhos,
a mulher do começo,
meus amados discípulos,
saberão algo de mim?
Algum de meus versos,
haverá entrado em suas vidas?
Algum de meus versos,
aliviou alguma dor?
E essa mulher em plena liberdade
que ambiciona meu canto
pode algum homem amar
essa beleza interminável?
Algum homem terá podido
deixar crescer uma mulher a seu lado
para vê-la partir, se é necessario,
porque o mundo e o amor a esperam?
E não quero exagerar
só quero me perguntar
por que a vida haverá passado?
que dor me atormentou?
Soube acaso amar e dar
sem me perguntar por quê?
E a minha amada Poesia
soube deixa-la voar?
Dei asas ao poema
a meus versos asas dei,
mas nunca pudemos
de nossa casa sair.
O poema está voando
e ninguém o deterá.
Voar era seu destino
mas o meu, era cantar.
Por isso deixo partir
versos, amores e ditos.
Quando voando se afastam
começo uma historia nova.
E não quero molestar
nem a jovens nem a mais velhos
mas devo confessar
que minha alegria é brutal.
A deusa Poesia e belas mulheres
ficaram a meu lado.
Até meu proprio coração
está perto de mim.
Talvez já estou iludido
e imagino uma vida,
nova, esplêndida e diversa
que nunca poderei viver.
Mais, todavia, desejo
estar muito bem preparado
da alma, dos dinheiros,
do corpo, dos amores.
Para o caso de
se chegasse a acontecer
um dia qualquer desses
que os humanos, contentes,
nos pomos a conversar.
Para o caso de
se chegasse a vir
esse dia quero estar
defendido por meus versos
e algum pensamento mais.
E se nunca há de chegar
não importa, sigo estudando,
escrevendo e denunciando.
Amando; sendo feliz.
Miguel Oscar Menassa, 2010
(da revista Indio Gris - www.indiogris.com)
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2 comentários:
Maravilhoso poema, gostei muito.
Beijinhos
Sonhadora
Agradecida, sonhadora,
pelo comentario, pela leitura,
pelo carinho à poesia,
um forte abraço,
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