terça-feira, 30 de novembro de 2010

LENDO OS GRANDES POETAS

GERMÁN PARDO GARCÍA

CANTO À FORÇA SINDICAL


(continuação)


IV

ME induzem a penetrar nas oficinas em que obreiros tipógrafos
colocam grises sílabas em pranchas e molduras.
Aqui a força sindical logra crescente fragor de oceano

que move sem cessar as tubulares rotativas.

As ondas deste mar tipógrafo são páginas
de branquíssimo papel que inunda as metrópoles
e se retira semelhando às marés,
para volver a afogar as casas, as ruas, os estadios,
com a velocidade de suas cronologias.

Que preludio tão sublime o dos linotipos e das prensas!
Que ritmo tão dinâmico o das engraxadas engrenagens!
Quanta beleza nas ustorias lâmpadas e espelhos de aluminio
que distribuem equações de calor e seivas de súlfur!

Aqui as árvores são discos enormes rateados
e laboráveis folhas sua balsâmica madeira.
Se ouve correr os rios em cujas margens cheias de tórridos pássaros
crescem as plantas de onde flui a substantiva celulosa.
Todo diluvio aqui se escuta.
Todo furacão aqui distende-se.
O golpe das marretas que partem hexágonos graníticos,
repercute sob o aço destas abóbadas donde os relâmpagos tem menor velocidade que a noticia
Aqui a ordenadora força sindical é branca república
dirigida pelas fontes sinfônicas do homem.
E quando as janelas desta fábrica impressora se abrem ao sol e ao vento,
fogem os imortais livros como martins-pescadores
ou espumas separando-se dos nitrados promontorios.
Os livros imortais
que divulgam a virilidade dos proclamas e dos cantos de Píndaro.



(continuará)

Germán Pardo García (Colombia - 1902, México - 1991)
 *Quadro de Miguel Oscar Menassa (Catarata Marina)

Nenhum comentário: