terça-feira, 23 de novembro de 2010

LENDO OS GRANDES POETAS

GERMÁN PARDO GARCÍA

CANTO À FORÇA SINDICAL             

(continuação)

II

E vos digo em nome das inumeráveis alianças que existem
entre os braços do homem trabalhador e os sólidos seres:
vede as harmoniosas árvores se confederando
sobre o poderoso flanco do grande monte antibélico.


Elas são o primeiro símbolo desta força sindical de que vos falo,
contemplando-a desde seu nascimento na argila até sua elevação ao Cosmos,
porque também além as estrelas unem-se para impulsionar o Universo,
arvorado no mastro nuclear de lâmpadas tremendas
com seu fulgir de insetos nebúlicos de ouro.


Vos dou este humano exemplo das árvores porque são criaturas
que estão cada vez mais próximas ao espírito do homem.
Sua iminente incorporação a nossas almas a compreendemos
ao dizer: mais além da vida todos seremos árvores.


Ou ao exclamar: estou só como uma árvore diante da perda do crepúsculo.

Elas fundaram a inicial conciliação de vegetais
para defenderem com seu auxilio o proletario parvifundio.
Ao arbusto individual lhe cresceram outras árvores
e apareceu a fronde civil cheia de vozes e de ruídos,
como nas praças das cidades as multidões famélicas.


Comparo este murmurio das labiais folhas com acento de palavras,
porque elas são assim: dialogantes em seu idioma de verdes monossílabos.
Tem seu misterioso abecedario e conhecem a semântica do vento,
e em elásticos arames de raiz ou esferas úmidas e azuis
gravam fundas inframúsicas que nós não escutamos,
e as revivem ao decair a rápida traição da materia.


(continuará)

(Germán Pardo García - Colombia, 1902, México, 1991)
* Quadro de Miguel Oscar Menassa

Nenhum comentário: