domingo, 13 de junho de 2010

POESIA saindo do forno CERO

ATO 2
CENA ÚNICA

A TARDE SEM RELÓGIO
(continuação)


de onde vem a rosa
arrastando-se pelo parque

com sua tiara na mão?



o que é mais triste?

o peso das jóias as

rendas os vidros descalços

ou uma menina que

grita em sua boca ?



acalmem-se:



ela está cega

por uma dor que esquiva

com os pés de prato



sim a conhecemos



desceu de um trem

muito antigo

um trem que parava

nas mesmas e

mesmas e mesmas estações



sempre frias o

frio em todas as estações

sempre escuras o

escuro em todas as estações

todas as estações frias e escuras

frias e escuras

escuras e frias um

frio que não desemboca um

escuro que não desemboca que

não desemboca que não

Eliane Marques
(do livro inédito: A ROSA - uma tragedia quase brasileira)

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