AMOR PERDIDO. A JUVENTUDE
V
Salta, corre brincando até o amor e deixa-te cair,
sem respirar sequer, sem pensar no tempo; sem fé.
Caído, agita-te com doçura extrema, uiva.
Deixa que o tempo se persigne avergonhado,
enfrentado a tua dança vital, longitude insondável,
movimento de ave ou potro enlouquecido.
Deixa que a miseria te empape com seu olor a desgraça,
que a vida e as cores da vida te deixem cego.
E assim, sabendo, hás de morrer tranquilo,
sem dever à vida, nem a nenhum Deus estranho,
nem a espíritos modernos, nem à carne, nada.
Sem dívidas, alvoroçado pelo movimento dos astros,
abraçado a quanto amor se preze de se mover ou voar,
assim: sem nervosismos ou cálculos perfeitos,
assim, se morre e se volta a nascer, se é necessario,
cada vez, todos os dias, algumas noites, sempre.
MIGUEL OSCAR MENASSA
Poeta espanhol nascido na Argentina-1940
De “Amores perdidos” (1995)
quinta-feira, 3 de junho de 2010
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