sexta-feira, 6 de julho de 2012
LENDO OS GRANDES POETAS
O Terrorista, ele observa
A bomba vai explodir no bar às treze e vinte./
São neste momento treze e dezesseis./
Alguns conseguem ainda entrar,/
alguns sair./
O terrorista passou já para o outro lado da rua./
A esta distância ficará livre de perigo/
e, quanto a vista, é como no cinema:/
Uma mulher de casaco amarelo… entra./
Um homem de óculos escuros… sai./
Rapazes de jeans… conversam./
Treze horas, dezessete minutos e quatro segundos./
Aquele baixinho tem sorte e senta-se na vespa,/
mais um tipo alto que entra./
Treze horas, dezessete minutos e quarenta segundos./
Passa uma moça de fita verde nos cabelos./
Só que o autocarro oculta-a./
Treze e dezoito./
A rapariga desapareceu./
Se foi bastante estúpida para entrar ou não,/
isso se saberá pelas notícias./
Treze e dezenove./
Parece que ninguém entra./
Há porém um careca gordo que sai./
Mas olha, parece que procura algo nos bolsos,/
faltam treze segundos para as treze e vinte,e ele volta a entrar em busca das luvas que perdeu./
São treze e vinte./
Como o tempo voa./
Deve ser agora./
Ainda não./
Sim, é agora./
A bomba, ela explode./
Wislawa Szymborska (Bnin-Polônia- 1923, Cracóvia- 2012)
Do livro: Wislawa Szymborska [poemas] Companhia das Letras. Tradução
Regina Przybycien
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