sexta-feira, 25 de novembro de 2011

POESIA SAINDO DO FORNO

(Culturamix)
ELEFANTES DA SOLIDÃO

1.

quando das feridas
se abrir a noite
saberá o grito

revém do arroio
rever seus pedaços
de nome, unhas e, bem
ao lado da vinha, marfins

essa marcha é
a fome que o peso
do corpo suporta

uvas, nunca consolo
aos elefantes da solidão

2.

na manada, tudo
tem patas cicatrizes
ossos, tem,

na garganta
o ruído da morte

oh corpo que arrasta
a poeira desse arroio,
o quê se mastiga só?

3.

a vinha,
grito que se mete
na presa das manhãs

a uva,
corcova de espinhos

raiz de navalha
corte de semente
tromba ou arroio

a menor das facas,
ainda assim, cabe na
dinastia desse homem

Eliane Marques (Integrante do Grupo de Poesia Cero)
No livro: Casa do Poeta Rio-Grandense 47 anos

Nenhum comentário: