segunda-feira, 7 de novembro de 2011

LENDO OS GRANDES POETAS

Fui o que se chama de um bom fenício em tudo.
Não era navegar por navegar, meu ofício,
meu ofício era me estender entre os portos.

Rosa perdida de perfumes rotos,
cor de solidão, deixava em cada porto,
um infinito broto de loucura.

Não estou perdido de amores, mas de tédio:
já ninguém corre pelos degraus de minha mente como tu,
já ninguém abre sua fonte com alegria e desejo para mim.
Eu já não vejo teus olhos no profundo de minhas mãos.

Navegar por navegar não é meu ofício,
arrancar troços do nada e uni-los em conjuro,
esse é meu oficio silencioso e tenaz, como de versos,
meu ofício não se pode aprender, não sabe, é cego.

Miguel Oscar Menassa (Buenos Aires, 1940) No Indio Gris (Revista digital:www.indiogris.com) nº 76 e do livro Las 2001 Noches.

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