O POETA
I
O poeta
fabrica pele
vai costurando
a cidade
cerze
o chafariz
ponto por ponto
cerze
o tubo
a língua do professor
o poeta fabrica
pele
a dele
só depois de transformado
em folha
bicho-da seda
que engoliu o mundo
fabrica
a pele maior
do impossível
II
A pele do poeta
é ele
pele de vento
pele
de cimento
a mesma pele do tanoeiro
pele da meretriz
em tapete
de parede e sapato
pele de engarrafador
tapa o circo
do mundo
(continuará)
Armindo Trevisan (Santa Maria/RS, 1933)
(do livro: Em pele e osso, 1977)
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