A YOLANDA GUEDES
Ao ano velho e caduco,
que se despede cansado,
daqui de Joaquim Nabuco
venho dizer: Obrigado!
Pelo que deste não deste
(nem tudo se logra obter),
pela franja azul-celeste
que ainda se pode ver;
pela brisa de Ipanema
com cheiro de sal e viagens;
por esse ou aquele poema
e sua ronda de imagens
pelo pouco de água clara
que o Prefeito nos mandou,
e pela delícia rara
com que a rua o festejou;
pelo riso das meninas
a passear de bicicleta;
pelas doces, pelas finas
emoções da tarde quieta;
pela santa luminosa
que em carro de ouro sorria
e, qual fantástica rosa,
transformava a noite em dia;
pela visita do neto,
que veio e que voltará;
pela corrente de afeto
que a vida sempre nos dá;
por tudo que o acaso trouxe,
ou melhor, o coração,
de leve, tranquilo e doce,
e que não cabe na mão;
pela mensagem de Yolanda,
Marlene, Wanda, e seus dois
irmãos - da minha varanda
aqui te agradeço, pois
a graça do sentimento
ilumina este momento.
Carlos Drummond de Andrade (Minas Gerais - 1902; Rio de Janeiro - 1987)
segunda-feira, 2 de janeiro de 2012
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